quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Tacitez

te chamo
numa noite qualquer
e tuas unhas
me perfuram
sutis
meu pesadelo se abranda
e eu acordo com o peso
do suor
irresposável de uma
manhã em branco
esperando ser agredida
pela tinta que escorre
apenas da nossa xícara
esquecida

a cortina
balança teus cílios
sobre nossa sorte
eu atravesso seus olhares
sem olhar os carros
e tuas unhas agora
bailam sorridentes pelo
cabelo claro
que escorre da pia

te chamo
numa manha cheirando à hortelã
e teus desesperos
andam colhidos nas mãos
doces de tantas pessoas
braços que agora
enlaçam a virtude
e a boemia
através
do nosso suor escarlate

atravesso
as ruas
sem perceber os carros
e
toda forma de solidão
desaba em tantas unhas
e arranhões
incongruentes

a noite
as vezes
é tácita
e teu olhar
ainda
é sempre
mansidão


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