teu olho amêndoa
não volta mais a ser escuridão
apenas
teu olho profundo
dança agora no raso
escuro do meu medo
teus olhos abrem-se
- a dor do mundo estilhaçada
cristalina
e vã
rachadura microscópica
entre vãos e certezas
os dedos que tocam a doçura vítrea
do teu corpo noturno
se perdem sem rumo
entre vidas, entrecorpos
cabeças embaralhadas
dedos a catar frutos e folhas
a deslizar teu corpo teso
preciso
e milimétrico
torno-me teu escravo
e do cianeto das tuas canções
ando torto entre
vidas e morte
entre
noite e vulto
entre eu e você
perdido no
dourado do teu cabelo
(teu olho amêndoa é um pingo de
mercúrio líquido
a me derreter por dentro)
Um comentário:
Sensacional.
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