sábado, 10 de agosto de 2013

Brasa

garanto a força do meu verso pra você. mas que importa o verso
se o abraço é contido nas paredes do céu? ainda não consigo deliberar
contigo que sempre queima meu argumento com a ponta do teu cigarro
aceso. aceso. vermelho. e em brasa. que queima por dentro a esperança
de te encontrar numa esquina qualquer sem ter que arrancar um sorriso.
amarelo. forçado e amarelo. da mesmo cor do quadro que eu pintei. pra voce.
e que voce esqueceu de desembrulhar. teu semblante de atriz e teu ar
superior. soprado com força. pulmão afora. pulmão adentro. teu ar superior
manchado de batom. e fumaça. do cigarro aceso. teu corpo vermelho. aceso.
a queimar a ponta do meu pavio. dei meia volta e quando te encontrei
naquela madrugada era miragem. tudo pelos ares. teu corpo vermelho a queimar
a ponta. do cigarro. largando a cinza do que restou da dignidade
na beira do céu. e do mar. vermelho. teu. corpo. queima. meu. pulmão. adentro.

Um comentário:

Risco de vapor disse...

"Teu corpo queima meu pulmão adentro". Não tem o que ser dito.. parabéns!