sábado, 3 de janeiro de 2009
Parcelas de vida
A vida não passa de um estágio, uma pequena parte de um ciclo, a maior parte está no inanimado, na morte, digo isto pois é da morte que tudo vem e é pra onde tudo se direciona. E esse pequeno estágio pelo qual estamos atravessando, em minha concepção, é como um carnê de pagamento. Onde nós, desafiadores da sorte, somos os pagadores. A cada minuto, hora, dia, semana, mês ou ano quitamos algumas das parcelas de um carnê imprevisível. Alguns possuem um carnê de pagamento bem gordo recheado de tempo, com vida pra dar e vender, enquanto alguns outros possuem apenas umas ou duas finas folhas de papel em seu crediário. Como prêmio pelo pagamento total, há o sono eterno, ou melhor, o fim de um ciclo, pois morte me remete a algo sem vida, e sono é uma das ações cotidianas que representam vida, já que serve para recuperarmos nossas forças. Aquele que tira a sorte grande, não percebe a dádiva dos céus que recebeu e desperdiça os seus últimos suspiros de vida praguejando contra aquele que deixou com que vivesse tanto tempo, logo ele que havia implorado por clemência e por ser levado à presença de São Pedro o mais rápido possível, para que pudessem ser evitados maiores aborrecimentos devido à sua enfermidade. Existem também aqueles que foram abençoados pela sorte, que altera seus carnês de maneira inconcebível. É o caso dos que, sem saber, podem estar presentes em qualquer acidente de carro, de onibus, num incendio, num desabamento, que os danados saem ilesos e sorridentes, esbanjando toda a vida que lhes transborda dos olhos. A esse tipo o fim do ciclo só chega quando se faz necessário, quando não há formas de evitar o imprevisto. O pagamento de um carnê é duro, não é fácil ter que deixar o tempo passar mesmo que não o queira, ver o sol e a lua se divertindo no nascer de um e do outro contribuindo para o que se chama dia e noite. A saudade que se aperta em mim, repentinamente, faz-me pensar que eu voltaria atrás apenas pra poder sentir o vento do teu cabelo, mesmo que isso fizesse reaparecer mais algumas parcelas de vida que já cumpri, que já quitei, no meu carnê. Ainda bem que agora falta – relativamente – pouco.
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2 comentários:
Caraca!! Muito bom cara!! É, acho que agora transpareceu, essa sua saudade! Não deu pra guarda-la toda dentro de vc né...Fica com Deus cara!! Abração!!!
Ah, a minha saudade interminável...
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