segunda-feira, 4 de agosto de 2014

asa

seus olhos tinham derretido todas as luzes de ipanema
sugado-as pra dentro de nos
incontrolavelmente desesperado, eu
tentei avaliar o prejuízo da Light
mas feito cão
raivoso
seus olhos roubaram meus lampejos
e sintaxes
eu não podia mais pensar
tudo ja estava pronto e eu não precisava mais pensar
nós estavamos sentados comportados
em frente ao quintal do meu avô
e seu assobio esquivo era cançao de ninar
do meu coração aflito
peguei com meu bico de gaivota
a migalha de biscoito que na tua mão descansava
e trouxe de volta a luz
em flor
pra enfeitar teu cabelo espiral suburbano
você não soube o que dizer
e teus olhos famintos devolveram em gentileza
toda a luz de todos os postes
da minha cidade

era novidade
antiga
um cheiro esquecido
era eu, passarinho
e você
asa

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