a madeira cura e amansa, num toque frio eu descarrego toda a minha eletricidade obscura num livre movimento de dança e amor com você e seu ventre. rodopio entre as incertezas da vida. a morte se mostra aos poucos escondida debaixo de todas as peles de todas as pessoas no mundo. desisto de pensar enquanto os dedos vítreos espalham meus cabelos brancos no rosto, desisto de medir a distancia entre eu e você. eu queria desvendar o teu mistério. escrever teu corpo inteiro de gis. e esperar meu poema tomar vida através dos seus movimentos harmônicos. esperar a escala girar atras do meu pescoço me desafiando a descobrir nosso tom. fechados os olhos, só me resta espremer os ouvidos até as notas serem palavras. até a vida ser morte. até o fim não ser mais o norte. até eu saber se as palavras que eu escrevi em você ainda existem em algum canto escondido, em algum penhasco assassino. retirei o medo da geladeira, junto dos cubinhos de gelo e larguei ele derretendo dentro do primeiro copo de café que eu achei no seu armário cinza; o café passado que meus olhos bebem adoçado com o pó da tua pele; o café que derrete o cubo de medo esquecido. o esquecimento a refletir no tampo de vidro onde eu quis perceber a cor da luz do teu cabelo. o corpo fragil a quebrar parcelado, a apagar as luzes. eu invento a noite enquanto o silêncio dela me adormece. eu consumo dez vezes mais vagalumes que antes e a geladeira não precisa mais funcionar no máximo pra congelar o medo.
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