quarta-feira, 7 de maio de 2014

Amnésia

eu queria saber quem era eu
antes de toda essa parafernália
embaçar meus sentidos
e embotar minha visão

na verdade
eu era sonâmbulo
trancafiado no
sonho maníaco
e aleatório de
colorir teu corpo de giz de cor
e morar no corredor
elétrico e ofegante
à beira da morte

eu era anti depressivo
porque
acreditava no mundo
e no amor de camisa de força
e choques anafiláticos
e térmicos
da sua língua-enguia
na minha boca de
cobre condutor

na verdade
eu era sonâmbulo
inconsciente vomitador
de amores e paixões
pernas bambas e
ansiedades mórbidas
de arrancar unhas
e papéis de parede

na verdade

eu era um nervo
e mil sonhos sem
uma lembrança sequer

até que tu
sem saber
me deste o divino
dom da amnésia

e eu esqueci
de regar minha memória
e deixá-la crescer
outra vez


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