sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Vagão

vejo essa luz
amarela que não me deixa te olhar direito
tudo que absorve amarelo, preto fica
já que amarelo não somos
te vejo sem cor ao escuro da tarde amarela
refletida pela negridão
da câmara escura desse vagão de luz branca/amarela
ela está do meu lado
com as mão no colo comportada
me sorri sem motivo
pra querer apagar a luz amarela da tarde escura
cheia de obrigações de estar acesa
num ir e vir estático ridículo
de onde vai pra onde volta
e acaba parada num meio
onde é esquecida e apenas
vive como um aposto
algo que está ali
pra me impedir de ver seu belo rosto
e seus cabelos negros
já que não somos amarelos
mas por que não somos amarelos?
deve ser porque
meu olho direito precisa
ver o seu desenho
colorido do seu sorriso
que com/sem motivo
se mostra tão belo

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