um corte profundo
de marcas sem tempo
de marcas azuis reais
de sangue morto escorrido
- vazado
causa o tempo
dor, de tanto presente
ter se dado - aos leões
dançarinos em gravidade e gravidez
sem tempo pra amor, sem tempo pra morrer
dá a alma em bandeja sem cabeça
mergulhada no ácido fumegante
das cordas vocais atônicas, afônicas
são dias mornos
sem passagem ou calafrios
dias inteiros de dez em dez
passados a fio, lisos
amarelados nas sombras de cordões
arrancados da minha vida - pescoço
não sorri de tudo, como antes
sem cócegas não ri mais
estimulos são altares
refestelados e mendiguícios
altares de afazeres ocos
de fina casca e proteção
fina membrana de esperança
de meus olhos
que deram a lacrimejar à toa
não como outrora que eram duros
de pedra e mármore
como dardos
vomitam noite afora
besteiras de
um tempo que não anda
sensível assim
Um comentário:
Que bom que voltou a escrever, cara... outro belo e expressivo texto. Parabéns!
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