segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ciclo Verborrágico



Admito, caro amigo, que me falta algo de claro e objetivo. Sei que meu lado decisivo é atrofiado e que por isso mesmo completamente submisso aos desaforos inquietos da escolha. Como por exemplo, noutro dia que me encontrava nas ruas do centro da cidade, me deparei submerso ate o pescoço pela imensa agonia de decidir qual dos bondes subir para ver-me novamente debaixo das telhas da minha moradia no catete. De tanto me roer com os bondes, fui a pé. E numa das esquinas, entre as dezenas do caminho, um pobre homem em farrapos pergunta-me se não há nenhum trocado que possa ceder-lhe, e por que me faz isso?! Logo pra mim que, no calor das duas opções diferentes, acabei por ignorar a breve intervenção daquele humilde senhor. Meia hora mais cansado cheguei em casa, e com um ar de contentamento, Tota veio me receber à porta. De coleira na boca, rabo espevitado e olhar de súplica. Porcapipa! Até tu Tota?! Mas será que ainda não entendestes o meu dilema? Tudo bem. Contenta-te com um biscoitinho e fica sossegado. Veja com olhos claros e imparciais, caro amigo, não te pareces que há algo conspiratório em minha convivência? Pois bem, continuemos ao principal acontecimento que me trouxe até aqui. Satisfeito pela agilidade em convencer Tota D’Almeida a recolher-se e dormir, fiquei indeciso se comia algo ou praticava algum exercício que me roubasse algumas gotas de suor, como conseqüência, adormeci. E nesse cochilo até então agradável, ouço o zunido infernal de um mosquito, que aparentemente não tinha sangue mais puro ou azul do que o meu para inundar seu estomago faminto. Saio da cama ou continuo tentando espanta-lo? Não sei... Vou para o sofá ou para o chão da sala? Não sei... E como se me irritasse repentinamente, matei-o, ou melhor, meu inconsciente o matou. Mas o que farias, prezado ouvinte? Perceba que meu intelecto já estava farto e não agüentou mais tamanha fraqueza durante as malditas escolhas. Como pode ser possível descobrir mais partes sombrias na minha personalidade? É por isso que admito, caro amigo, que me falta algo de humano e piedoso. Sei que meu lado cauteloso é atrofiado e que por isso completamente submisso ao desaforo inquieto do meu instinto assassino. Será que podes me ouvir por mais meio quarto de hora, caro amigo?

3 comentários:

Marcos disse...

lado decisivo e lado cauteloso, pra mim, são dois opostos

Risco de vapor disse...

Fala mano! Gostaria de dar ênfase ao "porcapipa"!!!! AHuhahuahuahuaUhuauhauhauhhahua
Maneiro cara!! Tava um tempo sem vir aqui... mas como vc quase não tem postado, imaginei que vc poderia ter postado... já que faz um tempo que vc não posta... entendeu? --' Dexa ra lá... Falow! Fica com Deus! Abração! Se cuida! Bejunda!

Raíssa Medeiros disse...

Gostei do talento do moço metido. =]